
Se não fosse o que sou, afinava pianos. Para que pudessem chorar quando alguém lhes tocasse como tu me fizeste. Com papéis ou de ouvido, com mãos para cá e para lá, num vai e vem que até poderia parecer uma coisa qualquer de sexo, que não envergonhava ninguém.
Perdia o tempo que fosse preciso para que a força e a alma dos virtuosos lhes arrancasse bem a tal lamúria.
E o seu brilho lembraria o tempo que estavas de volta das unhas, a arranjá-las nem sei para quê, acabamentos sempre foi coisa que não precisaste.
Fotografia: Thierry Le Gouès