quarta-feira, dezembro 29, 2004

Revolver.



Lembro os beijos que me atiraste à cara. Os que me atiraram para longe e os que acompanharam a roupa que tiravas.

Lembro o que me acertou primeiro. E tantos que passaram a arrasar o desassossego.

Todos fizeram tudo menos importante.

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Como o Amor verdadeiro.

O Bolo Rei da pastelaria Tijuca (em Alhandra) ainda sabe melhor de um dia para o outro.

Passa aí mais uma filhós para a Rennie não me cair na fraqueza.

Demasiados sonhos.

Neste Natal ingeri tantas calorias quantas as humanamente possíveis. Apesar de não ser oficial, este e outros recordes gastronómicos foram batidos por mim. Encontro-me a recuperar, com melhorias assinaláveis nas últimas 24 horas.

O Amor segue dentro de momentos.

quarta-feira, dezembro 22, 2004

É Natal.



Compras, calorias, saudades e frio. Às vezes parece que tudo está a mais.

Até o Sol e os dias bonitos se podem considerar mau tempo, tendo em conta que estamos no Natal.

Sorrisos e verdade. Às vezes parece que tudo está a menos.

terça-feira, dezembro 21, 2004

Touch by the hand of God.

Ao comprar os últimos recursos logísticos para a consoada, vejo uma menina dos seus dez anos a brincar com artigos expostos numa prateleira da loja. Aproximo-me e reparo que são daqueles manequins articulados que os estudantes de arte usam para esboçar o futuro.

A menina, de beleza a prometer muitos corações partidos, vai juntando os manequins aos pares, bem abraçados como se os beijos e o desejo pudessem ser de pinho envernizado. Como se fosse uma deusa do Amor a aprender o ofício.

Como se Amor vivesse onde queremos ou gostamos.

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Reserva, 1970.



São tão bons os momentos e as gargalhadas de hoje. É tão especial este jantar e esta luz que nos interna. É tão rica esta história que se tivesse um final seria feliz. Realidade dulcíssima, refractada nos copos encarnados, que me devolve à infância ou à sua perda. A carne não podia estar mais apurada e o vinho amansa as horas.

O futuro nunca será melhor que esta noite.

Se fosse um final, seria feliz.

sábado, dezembro 18, 2004

Colherada.

Para a Marina e para a Satine (comentários do post de ontem) e porque também se conquistam pessoas pelo estômago, cá vai a receita:

Pastel de Nata
Para a massa: Farinha, 250g
Manteiga, 125g
Banha, 75g
Sal, 1 c. de café

Peneira-se a farinha com o sal para um tigelão e amassa-se com água fria, apenas a necessária para formar uma bola ligada, que se deixa descansar 10 minutos. Bate-se a manteiga juntamente com a banha com uma espátula de madeira e mete-se no frigorífico também durante 10 minutos. Estende-se a massa sobre a pedra da mesa com o rolo de madeira , formando um quadrado, que se barra com metade da mistura manteiga-banha. Dobra-se ao meio, põe-se sobre uma tábua e mete-se no frigorífico durante outros 10 minutos. Torna-se a estender, barra-se com o resto das gorduras e enrola-se, formando um rolo como um salame. Corta-se em 24 pedaços iguais e mete-se cada um dentro duma forminha pequena. Deixam-se descansar ainda 10 minutos no frigorífico. Moldam-se então dentro das formas os pedaços da massa, puxando-a para fora com os dedos molhados em água fria, para forrar as formas do fundo e dos lados, formando assim as caixas dos pastéis. Deve comprimir-se a massa com os polegares de baixo para os lados, de modo a deixá-la francamente mais fina no fundo.

Para o recheio: Nata, ½ l
Gemas, 8
Açúcar, 150g
Farinha, 10g
Desfaz-se a farinha na nata aos poucos para não formar grumos e bate-se com as gemas e o açúcar. Leva-se ao lume, mexendo sempre, até quase levantar fervura. Vaza-se nas forminhas forradas com a massa, só até ¾ e tendo o cuidado de não sujar as beiras da massa com o creme. Cozem-se em forno muito quente e, querendo, antes de servir polvilham-se com açúcar em pó e canela.

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Coisas que me lembrei hoje enquanto ia para o trabalho.

- Não como uma sandes de marmelada há muito, muito tempo.

- A minha avó abafava uma panela com uma manta para manter o frango com esparguete quente até à hora do jantar.

- Faltava-nos o fôlego com o tamanho dos beijos que dávamos.

Ao contrário dos livros, a vida tem vários marcadores. Servem para sabermos onde vamos ou onde estivemos.

quinta-feira, dezembro 16, 2004

É melhor contarmos com isto.



Salas de parto, registos civis e cemitérios. Se virmos bem, a nossa vida cabe em três espaços e acaba em três tempos.

No fundo, somos a conta que alguém fez.

quarta-feira, dezembro 15, 2004

Precipitação.



As palavras da tua despedida foram o epitáfio de todos os meus sonhos.

O Amor, como a vida, é melhor no início e menos bom quando se aproxima do final.

Desconfio que os dias de chuva são um disfarce de compaixão para as lágrimas. Nesses, aproveito para te ir amarrando às ruas com a corrente quem vem do céu.

terça-feira, dezembro 14, 2004

2º frente.

Há um senhor que vive perto de uma casa onde mora uma senhora de longe. Há uma senhora que vive ao lado de uma avenida de mau caminho. Quando se cruzam pensam nos grandes amores que todos os dias passam pelas suas vidas sem bater.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

- Fica-me bem este vestido?

- Meu Amor, ao ver-te assim, não expiro, suspiro.

- Inspiro?

- Sem isso, morria!

Este fim-de-semana vi a mulher mais bela do mundo com o homem mais inteligente do mundo.



A Dama de Xangai é uma obra-prima. O que é que se pode esperar de um filme que junta Rita Hayworth e Orson Welles?

sábado, dezembro 11, 2004

As lágrimas são dores que já não cabem cá dentro.

As lágrimas são dores que já não cabem cá dentro.

Fomos traídos!



O grande trunfo do Amor é ter convencido as pessoas que não mata. Inventa o tempo e as luzes para as distrair. Inventa as palavras para esconder os beijos.

Depois, pelas costas, farpa os desencontrados. Cava os corações e lá semeia faltas de coragem.

Havia de te ter conhecido para provar da própria peçonha.

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Quem é?

Não sei. E mesmo que soubesse não dizia, ou erraria de propósito. É que nunca tive umas mãos tão suaves nos meus olhos. Ainda para mais, preciso que alguém me cegue. De alguém que me prive da realidade em demasia e, ao mesmo tempo, me faça sonhar.

Tens o resto da tarde para sair daí.

Verdades há muitas, seus palermas!

Em exibição num meio de comunicação excessivamente perto de mim.


Preciso da verdade que vejo. Da que ouço quando estou só. Daquela que guardo de momentos passados, felizes ou mesmo estragados.

Quanto ao resto, gosto de mentiras novas todos os dias. Com muito açúcar, se faz favor.

terça-feira, dezembro 07, 2004

Os amantes.

São os únicos e principais irresponsáveis por tudo o que de bom ou mau lhes acontece.

Os amantes vivem inimputáveis porque o Amor nunca lhes dá falta de razão.

A cópula da Cyclorrhapha (fotografia tirada de boca aberta).



Aqui está uma das representações de Amor mais estranhas que vi. Legenda: num muro, duas moscas a copular, mortas mas de pé, ressequidas pelo sol. Conservadas no tempo, para além do que as juntou e nunca separou.

Não tenho ideia ou palavras que esclareçam. Resto-me a mim próprio, aparvalhado pelo meteorito de espanto que me acertou.

segunda-feira, dezembro 06, 2004

Desgarrada.

Unplug me, please.



Antes de tudo vem o fado vadio. É um prazer ver alguém fazer arte sem ser por dinheiro. São estes os concertos que aprecio. Cordões grossos, umbilicais ou de ouro, vozes cuidadas pelo tabaco e pelo abuso. Lágrimas de tudo menos de futilidade.

sexta-feira, dezembro 03, 2004

- E agora, qual é a parte mais importante do teu corpo?

- O nariz.

- Porquê?

- Porque é mesmo debaixo dele que se escondem as coisas que nos fazem felizes.

- Como a tua boca?

quinta-feira, dezembro 02, 2004

O melhor cego é aquele que não quer deixar de amar.



Não me importo como se arrumam as estrelas, o Sol ou as marés. Nada à minha volta impressiona mas tudo me comove. É assim a tua falta. Basta-me olhar para um chão de carvalho ensolarado e logo vejo uma chuva torrencial.

Prova de Amor para os próximos 25 dias:

Acompanhar alguém à Zara do Colombo durante o fim-de-semana.