quinta-feira, maio 27, 2004

Amor equacionado.




As palavras escritas na tua mão, como dantes as respostas clandestinas do que aprendeste. Abre-a e deixa-me ver se não é “beija-me” que aí tens.

Eu sabia que me ias mostrar a fórmula resolvente para todos os problemas.

quarta-feira, maio 26, 2004

Manhã submersa de Amor.


Estou tão feliz que a rua parece ser a minha mãe. Tudo parece brilhante e até Cacilhas me parece uma terra nova. Deves andar por aí.

Morno, mais quente, frio, esquerda, está quase, morno, quente, a queimar.

E toda a gente a julgar que é o Sol, sem reparar que é amar.

segunda-feira, maio 24, 2004

Amor deitado acima.


E os teus cabelos, ainda estão na mesma, lindíssimos e desprendidos? E os teus olhos, apesar das muitas imagens órfãs, ainda me lembram? E a tua boca e a tua voz, que nem sempre foi a que pensaste, ainda esvoaça com a certeza da vida achada?

Alguém me obrigou a estar aqui sentado, no degrau da noite, joelhos a tocar e sorriso impaciente, à espera do doce supremo que vai ser ver-te. Ao meu lado estão os sonhos antigos e um saquinho de palavras por abrir.

domingo, maio 23, 2004

Esmero Amor.




Desprotegido pelo tampo da mesa, o meu juízo vaza-se com o primeiro toque da tua perna. Sem querer, penso. Depois não. Depois acho que a leveza que empregas é fruto do acaso. Daquele que não compromete. Como aquelas festas dadas com uma força amorfa, que nem o beneficiário percebe se é um castigo ou uma carícia inflamada.

sexta-feira, maio 21, 2004

Amor na Rua.


A chuva voltou. E trouxe as Virgens Suicidas para o quiosque e a feira do livro para o parque. Como se eu já não tivesse problemas de fluidez suficientes.

Esta sexta-feira começou bem, sim senhor.

quinta-feira, maio 20, 2004

Amor que depois já não há.


- Amas-me?

- Nem imaginas as vezes que me têm feito essa pergunta.

- É da idade. Aproveita.

De Presa, Amor.


Lido demasiado bem com o mundo em que vivemos. As farsas não me incomodam, as hipocrisias ainda me fazem um pouco de catarro, mas pouco. As convenções da moda não me dizem absolutamente nada.

Acho que li o Banqueiro Anarquista demasiado novo.

Ainda bem. Assim, só me resta amar como quem depreda a própria vida.

quarta-feira, maio 19, 2004

Amor sustido.




- Quanto tempo aguentas sem respirar?

- Não sei. Tenta-me! (Por favor)

Amor Gralhado.


Havia uma gralha no post anterior. “Mundo” fora escrito sem “n”

Corrigi, passei “mudo” a “mundo”. O duplo significado leva-me a pensar que fora a própria gralha a retirar propositadamente o “n” para ser só ela a dar voz ao que sonho.

terça-feira, maio 18, 2004

Amor, com “a” no fim e lido do fim para o início.


Lembro-me do que senti quando recebi o meu primeiro Timex, de quando o meu pai me levou a visitar um cruzador na Rocha do Conde de Óbidos. Nem sei como é que me aguentei de pé aquando da minha bicicleta de cross (BMX foi coisa posterior).

Estas emoções mais pareciam aparições. Assistia, impávido, ao mundo a soterrar-me de todas as alegrias possíveis. As breves lágrimas morriam num sorriso incontrolável que se foi despedindo com a idade. Deixou-me um testamento cínico para ir abrindo à medida que me faltava.

Exmo. Sr.

Para me voltar a sentir, primeiro terá que juntar uma quantia ridícula de dinheiro. Depois vá tentando comprar invejas e verifique se as pessoas na rua, (ou os seus amigos), ficam espantados com o brilho das jantes de 20 polegadas.

Deste, que já foi seu
Sorriso-incontrolável-de-criança-extasiada


Ainda bem que não me contou o fim. Onde a receita se verifica ineficaz e a surpresa de antes sai do beijo que me roubaste. Só ele mo trouxe de novo. Mais, só ele me trouxe de novo.

“Boca de Bonina”, disseste tu.

sexta-feira, maio 14, 2004

Prova de Amor Real.




Os passos que dás, as vezes que mastigas, os olhos que fechas e abres, os palpites.

Matemática aplicada. Mais o que me fascinas.

As vezes que inspiras.

quinta-feira, maio 13, 2004

Presa de Amor.




Procuro no talento dos outros qualquer coisa que me ocupe. Fogos-fátuos extintos, trapezistas coxos, corridas vazias, balas perdidas ou palavras que não são para mim.

Algo que vá tentando rebocar o buraco que deixaste. E já agora, que seja capaz de arquivar as tuas imagens. Por desordem alfabética já seria bom.

Entretanto, vou continuar a remexer as outra histórias de amor, pálido, constipado pelo vento que saía da tua boca quando nos cerrávamos.

terça-feira, maio 11, 2004

Amor “(…)infinitamente perfeito, necessário e eterno;”


- E és mulher para isso?

- Para isso, e nem tu imaginas para que mais.

- Não te conhecesse e dizia que são só promessas. Assim, resta-me começar a ter vergonha do próprio tempo que nos irá assistir.

- Deixa. Ele é sossegado e nem esta fúria deslumbrante o faz corar. O único problema é que não pára. Infelizmente, nem as nossas mil mãos espalhadas o vão deter.

- Mas conseguem tapar-lhe os olhos.

- Estou a ouvir o teu coração. Engraçado, não se cansa de dizer o meu nome. Ou é o de Deus?

segunda-feira, maio 10, 2004

Amor, Volume 2.


Kill Bill

Ainda a tentar desenterrar-me de tamanho murro, não me sinto capaz de amar mais nada durante os próximos tempos.

sexta-feira, maio 07, 2004

Amor – 2, Ilusão distraída - 0.


Gostei de ter percebido, ainda novo, que as únicas coisas que perduram são o Amor e a Cultura. Tudo o resto se perde nas palavras do dinheiro.

quinta-feira, maio 06, 2004

Essência de Amor.




Ainda bem que o Amor não se nota quando o acabamos. Só nós vemos o rubor nas faces um do outro, o sorriso começado no fim. Felizmente ninguém repara nos teus cabelos trocados e na minha boca ainda de espanto.

Está na cara o que ainda agora estava em todo o corpo.

Este perfume é novo.

quarta-feira, maio 05, 2004

Conto de um Amor normal.

O portão da quinta não foi suficiente para esmorecer a vontade. O sonho daquela noite foi acordado minutos antes:

- Espero que todos se deitem, o meu pai adormece logo, depois vou ter contigo lá abaixo ao portão grande.

- És maluca? Achas que não vão ouvir? Estás boa da cabeça? E se alguém percebe?

- Cala-te. Eu é que sei. Espera-me lá daqui a um bocadinho. Até já.

A Lua de Verão foi testemunha. Minutos depois, na luz da noite, duas estrelas vêem-se num ritual de inovação.

- Então sempre vieste? Não pensei que fosses tão louca. Nem acredito que estás aqui.

- Beija-me. Aqui, por entre esta abertura. Bem que o meu pai podia ter feito este portão um pouco mais acessível.

- Imagina, separados por barras de ferro, eu aqui na estrada e tu aí na quinta que foi do teu avô. Ainda há pouco estávamos de mãos dadas ao pé dos teus pais e agora estamos aqui nesta loucura completa. Ao menos podias ter-te calçado. Amanhã vais estar doente.

- Shiu! Doente ficava se não te desse mais este beijo. Só mais este, como se não nos víssemos mais. Não quero mais nada no mundo. Tudo pode desabar que não me importo. Começando por este maldito portão.

O portão fechou nas duas cabeças a aragem da noite que nunca se soltou. Até hoje, passem os anos que passarem, ou os filhos que quiserem. Os sorrisos da altura puxam-me até sítios que nunca julguei possíveis. Demasiado fascinantes, onde nunca nenhuma ficção tocou.

segunda-feira, maio 03, 2004

Amor de caras.



A ver se nos encontramos. De vez, sem esta coisa dos degraus de ensejo.

Julgo que nunca te beijei como devia. Estou sempre à espera da ocasião mais certa como um cão que se revolta antes de deitar. Desperdiço-te por saber à mão de semear tempestades de fulgor.

Colhido pelo futuro que te faz cada vez mais tentada.

Tanto Amor por €19.

Kill Bill, vol. 1, na Fnac.

Vingar

verbo transitivo
•tirar vingança de;

•promover a reparação de;

•tirar desforço de;

•desforrar-se de;

•desafrontar;

•reabilitar;

•punir;

•galardoar;

•chegar a;

•atingir;

•libertar;

•salvar;

•defender;

•vencer;

•conseguir;

•subir;


verbo intransitivo
•conseguir o seu fim;

•ter bom êxito;

•vencer;

•galgar;

•chegar à maturidade;

•não morrer;


verbo reflexo
desforrar-se;


(Do lat. vindicáre, «id.»)