quinta-feira, setembro 30, 2004

Vendo DVD “Lost in Translation” de Sofia Copolla, como novo. Só foi utilizado uma vez (acho até que ainda tenho o celofane no caixote do lixo).


Ontem vi-o. De regresso, nada tenho a declarar. Foi bom como uma festa perfumada na mão ou um beijo na testa. Insípido e tão leve que se perde dentro dele próprio.

Como um fundamentalista tardio, pensava que ia ter mais virgens suicidas.

quarta-feira, setembro 29, 2004

O segredo é uma das almas do Amor.

O fim da paixão é como o fim da vida. Chega sem que se dê por ele. Retira metodicamente e com tempo tudo o que foi festa. Desmancha e desarma bancadas e palcos. Arruma para os cantos sobejos. Parte e deixa para trás vestígios que esvoaçam com o Outono.

Contudo, nada pode ficar quieto. A Natureza tem aversão ao vácuo. Sonhos daninhos. Almas danadas.

terça-feira, setembro 28, 2004

Amor – to be continued.




Vejo a beleza incandescente dos actores nos filmes com cinco décadas. Percebo as provas de superficialidade que incriminam a vaidade.

Vem-me à cabeça uma deixa de “The Straight Story” de David Lynch que diz “o pior de ser-se velho é lembrarmo-nos de quando éramos novos”.

Amor em grupo.

Nunca se deve contar a verdade toda. Este é um conselho que vale por dez visitas ao Estranho Amor.

Contudo, é uma das verdades que não consigo praticar. Mas isto sou eu. Como prova da minha boca de trapos, cá vai uma lista de inteligência obrigatória


- Classe Média

- Posso Ouvir um Disco
- Ponto e Vírgula
- Ruminações Digitais

É uma chaga que me reverte à vida de manhã. A ausência como noiva belíssima.

segunda-feira, setembro 27, 2004

Tenho quase a certeza.


De que os sonhos são janelas com um parapeito um pouco mais alto, na proporção das nossas para as crianças, onde vamos espreitar em bicos de pés outras vidas simultâneas. De vez em quando, nós como protagonistas dessas outras vivências, também vimos cá espreitar esta que julgamos a real.

Quando era criança, numa tentativa desesperada de estabelecer um laço material com uma das outras realidades, agarrei-me a uma pistola cromada igualzinha à do mascarilha para ver se acordava ao meu lado. Nessa manhã percebi que havia coisas que não se misturavam.

sexta-feira, setembro 24, 2004

Remoinhos.




Guardamos segredo de sítios que queremos só nossos. Lugares que nos recebem e aconchegam como se fossemos só deles.

O meu peito aqui tão longe, deserto para ficar só.

- Resume-te numa palavra.

- Amo-te.

quinta-feira, setembro 23, 2004

Amor migratório.


São tantas as cordas que me impedem de descansar. Para mim os dias são somas de pequenas noites. De escuros e silhuetas indefinidas.

Impedes-me de tolerar a passagem dos anos. Empurras-me para fora de mim próprio.

Boas sementes.

Num só dia comprei a Balada do Mar Salgado – Corto Maltese de Hugo Pratt (edição do Público) e os novos discos de Nick Cave and The Bad Seeds: Abattoir Blues e The Lyre of Orpheus.

Venham as contrariedades e os velhacos. Existem dias que não se conseguem estragar.

quarta-feira, setembro 22, 2004

Amor recorrente.


- Hoje começa o Outono.

- Pois é. Mais um, como se tivéssemos poucos.

- Às vezes penso naquela música que diz: um dia toda a gente que amas morrerá.

- Como diz o outro: só a verdade é revolucionária. Meu querido, faremos amor ainda hoje.

My name is Amor, Estranho Amor.



Acredito sinceramente que existe algures um James Bond a colmatar tudo o que me esqueço de fazer. Uma espécie de seguro contra todas as ausências e faltas de jeito. Alguém que zela pelos telefonemas que devo ou que repara nos cortes de cabelo à minha volta.

terça-feira, setembro 21, 2004

Não quero passar das marcas.




Gosto de marcas. De ervilhas sobreviventes num prato, dos riscos do tempo num muro ou das nódoas na bata de uma parteira. De insectos numa maçã e das unhas dum carvoeiro.

Sobras de acaso que se espalham por nós, a lembrar que tudo o que se faz é indelével, como as marcas que o teu corpo me vestiu.

domingo, setembro 19, 2004

Amor em estado alfa.

Os dias nunca seriam cinzas. As horas nunca seriam tardes nem más.
Se todas as noites sentisse no ouvido ar tépido da tua (c)alma.

Se, para nós, tudo fosse realmente simples como o é na verdade.

sábado, setembro 18, 2004

O Amor não passará.




Como se alguém pudesse perceber a revolta da tua ausência. Como se tudo pudesse ser contabilizado. Como se isso interessasse para alguma coisa.

Ensinaste-me a perder tudo, até o que nunca tive. Piores são os golpes do meu mau estado.

sexta-feira, setembro 17, 2004

Guardo e adoro:

- Um galhardete feito à mão em 1969 de um jogo de futebol entre amigos onde o meu pai foi lateral direito;

- Um Pato Donald de borracha que me foi oferecido assim que nasci (1970);

- Uma cicatriz no joelho de uma queda de bicicleta em 1979;

- Uma de muitas musicas que ouço regularmente – Unfinished Sympathy dos Massive Attack (1991);

- Saudades de todos quanto amei como quem ama um filho, daquelas que nos fazem gigantes.

quinta-feira, setembro 16, 2004

Amor perdido pela demora.



Levaste-me e esperaste que te roubasse a compostura. Fugiste para a frente mas eu tive tempo de parar. Não vi a expectativa do nó que guardavas. Fugi de mim e do começo do que se veio a revelar infinito, enquanto durou.

Apenas o som arrítmico de corações no escuro da minha inocência.

Palerminha, sorris.

quarta-feira, setembro 15, 2004

O outro lado do Amor.


O “Amor de Perdição” vendeu 80 mil cópias na China em poucos dias. Uma das razões foi a identificação dos jovens chineses com as personagens principais do livro e os seus problemas.

O Amor é a única linha a que todos sem excepção se querem segurar. A ruína ou a fortuna são iguais aqui ou na China.

terça-feira, setembro 14, 2004

Meus senhores, não há aqui nada para ver. É circular, faz favor, é circular.

Amor bypass.

Mesmo sem os exames na minha mão consigo ver que a menina não sofre de nada. O seu mal é pedra no coração.

O coração tanto bate até que pára.

segunda-feira, setembro 13, 2004

As 7 quintas de Amor.



Há muitos, muitos posts atrás, escrevi sobre um sítio que me era demasiado querido. A infância, a adolescência, alguns presentes e o futuro estão irremediavelmente aqui ligados. Um sonho composto por dois sobreiros, um bebedouro e um lago minúsculo com todas as cores vivas que se possa imaginar.

Qualquer fotografia mostra só a casca da verdade ali encerrada.

domingo, setembro 12, 2004

Amor Works.




O novo disco de Craig Armstrong, Piano Works vai directo para o gravador de CD’s. Duas cópias, uma para ficar no carro e outra para me acompanhar para todo o lado. O original fica guardado no cofre do Credit Suisse em Genebra.

sexta-feira, setembro 10, 2004

I was there. I saw it.




Como o previsto, as imagens voltaram, sem ensaios. Aqui ficam mais mil palavras, neste caso em tons de céu.

A verdadeira química do Amor.


Soube que os homens indianos utilizam um banho muito quente como contraceptivo.

Soube que o consumo de lacticínios em excesso provoca a redução do número de espermatozóides.

Soube que os homens que usam calças justas e com profissões onde passam muito tempo sentados são menos férteis.

Homenagem à trois:

Porque seria estranho receber sem dar, o Estranho Amor agradece os comentários e os links destas três boas companhias:

Little Black Spot
Longe da Multidão
Uns e Outros

Homenagem a mais trois:

Casa Assombrada
Marbles
Maria da Lua

quinta-feira, setembro 09, 2004

Despertador de saudades.

Acordo com a boca a saber a angústia. Volto a almofada, volto a adormecer e só assim voltas para mim.

O Amor pródigo retorna a casa.

Finalmente o Estranho Amor a partir da minha casa nova. Já estava farto de escrever pela manhã. A noite protege os amantes audazes, os sonhos, a solidão e neste caso as palavras.

Segundo o sapo que me trouxe o mundo porta adentro, imagens só a partir de amanhã.

quarta-feira, setembro 08, 2004

Promessa apagada.


O Sapo disse-me que talvez hoje as imagens cheguem ao Estranho Amor.

Não o beijei porque não preciso de um príncipe encantado, mas agradeci-lhe imenso.

terça-feira, setembro 07, 2004

Acentuado arrefecimento diário.


Lembro-me que existem abraços que soam como um floco da neve mais pura a deslizar na asa do corvo mais forte.

Estes dias não me lembram o Inverno.

Mínimo Amor obrigatório.


O trabalho, as ruas e os desconhecidos ficam com o tempo que não preciso. Há um cronómetro que conta as regressões de cada um.

Parece que ainda não saí da introdução da minha própria vida. Todos os dias se assemelham a falsas partidas de felicidade.

segunda-feira, setembro 06, 2004

O maior Amor de todos os tempos.


Depois de acabar de ler “Romeu e Julieta”, guardo imagens como estas:

Ao ver-te sinto-me como o fogo que jorra das entranhas de um canhão

E o sangue, indisciplinado na minha face

sexta-feira, setembro 03, 2004

O Amor nunca é certo.


Depois de colocar o post anterior, tive que o corrigir duas vezes.

Nos erros, divirto-me a relembrar que nada é definitivo.

Amor - Antes e depois.


A vontade:

Amo-te desmesuradamente. Ainda bem que vieste e que aqui estás. Não vale a pena fugires mais, que ninguém está apto para te amar da forma que sempre sonhaste. Vejo nos teus olhos a refulgência dos sonhos realizados mesmo agora. Deixa internar-me na paralisia contagiosa da tua boca.

A realidade:

Olá, tudo bem contigo? Já tinha algumas saudades das nossas conversas. Não te mexas, deixa-me tirar um resto de lágrima que tens aqui no pescoço.

quinta-feira, setembro 02, 2004

És menos feliz se:


A última vez que te pesaste foi hoje de manhã.

És menos feliz se:


Sopraste a última bola de sabão há mais de 7 anos.

És menos feliz se:


A tua casa tem as paredes todas da mesma cor.

quarta-feira, setembro 01, 2004

Denominação de Amor Demarcada.


Pode-se considerar a paixão como ataque fulminante e quem ama vítima de doença prolongada.

Também se devem ter em conta experiências de calamidade natural e estado de sítio, não esquecendo que são uma catástrofe os dias em que por dentro a acalmia é completa.