quinta-feira, julho 27, 2006

Balhana.

Não sei porque é que não sou alcoólico. Nem sequer suspeito porque é que não dei um bom fumador. Era tão fácil, o problema é que não acho graça beber sozinho e fumar de mais sempre me provocou coisas na boca e na garganta.


Mas percebo perfeitamente bem quem bebe e quem fuma sem manias ou freios. Quase que os admiro. Quer dizer, não tenho vergonha de beber só de vez em quando ou fumar apenas quando me apetece. Eu nem vergonha tenho de ter utilizado um adjectivo daquele tamanho no título do post anterior. E naquele grau.


Com esta idade começo a perceber que sou uma espécie de moldura de classe média. Limito-me a andar no pelotão e isso não me desagrada. A fama ou a morte seriam bem piores que isto.


Acho até que dava um bom anónimo numa das filas para as câmaras de gás, daqueles que inventavam afazeres de cabeça para não desatar a fugir pela lama. Coisas como procurar ver a mulher e as filhas do outro lado da rede, ainda que magras. Caso as tivesse, é claro.

terça-feira, julho 25, 2006

Triste, muito triste, mas lindíssimo.



Funeral - Band of Horses
Perda. Pedra.

Uma mulher ensopa do chão o sangue do filho com toalhas. Um homem sentia as pernas ainda há coisa de um minuto atrás. Um barco arranca sem esperar pelo último fuzileiro que, segundo parecia, ainda ia chegar. Apenas restavam três injecções e uma multidão de deitados. A porta do prédio já se abriu cinco ou seis vezes e nenhuma delas foi com a tua mão. Doze, treze vezes, vá.

segunda-feira, julho 24, 2006

Estranho calor.

Como se costuma dizer, este calor não tem ajudado nada à prática da escrita. Rápidas melhoras é o que prometo.

segunda-feira, julho 17, 2006

Pode-se aprender muito com as premissas de um ditador.

Nem tudo o que é bom é verdadeiramente bom, nem tudo o que é mau é verdadeiramente mau. Sendo assim, não só não matarei nenhum cavalo sem pensar, como nunca deixarei de perseguir qualquer coisa que me pareça pertencer. Tenho o coração escorregadio e uma baioneta que não vai para paciente.

sexta-feira, julho 14, 2006

Tinha tudo o que lhe pertencia ter.



Havia uma mulher que era perfeita. Não só da sua raça como de todas as vizinhas. Era tão perfeita que nem inveja provocava. Vestia-se com tudo menos exuberância e talvez por isso era preciso estarmos com atenção. Até as cicatrizes eram ornamentos da sua pele e da sua cor.

Os homens pareciam distraídos. Apenas um ou outro se matou sem que as famílias tivessem compreendido.

quarta-feira, julho 12, 2006

Rebellion (Lies).



Sleeping is giving in,
no matter what the time is.
Sleeping is giving in,
so lift those heavy eyelids.

People say that you'll die
faster than without water.
But we know it's just a lie,
scare your son, scare your daughter.

People say that your dreams
are the only things that save ya.
Come on baby in our dreams,
we can live our misbehavior.

Every time you close your eyes
Lies, lies!
Every time you close your eyes
Lies, lies!
Every time you close your eyes
Lies, lies!
Every time you close your eyes
Lies, lies!
Every time you close your eyes
Every time you close your eyes
Every time you close your eyes
Every time you close your eyes

People try and hide the night
underneath the covers.
People try and hide the light
underneath the covers.

Come on hide your lovers
underneath the covers,
come on hide your lovers
underneath the covers.

Hidin' from your brothers
underneath the covers,
come on hide your lovers
underneath the covers.

People say let's just die
faster than without water,
but we know it's just a lie,
scare your son, scare your daughter,
Scare your son, scare your daughter.
Scare your son, scare your daughter.

Now here's the sun, it's alright!
(Lies, lies!)
Now here's the moon, it's alright!
(Lies, lies!)
Now here's the sun, it's alright!
(Lies, lies!)
Now here's the moon it's alright
(Lies, lies!)

Every time you close your eyes
Lies, lies!
Every time you close your eyes
Lies, lies!
Every time you close your eyes
Lies, lies!
Every time you close your eyes
Lies, lies!

Every time you close your eyes

Every time you close your eyes

(Lies, lies!)

Arcade Fire – Funeral

Fotografia: Nobuyochi Araki

terça-feira, julho 11, 2006

Para que queres a verdade, se não a aguentas?



Seja o resultado de um tac ou uma conversa baseada em factos reais para além dos teus.

Fotografia: Thierry Le Gouès

quinta-feira, julho 06, 2006

Esmaguemos as nossas bocas, então.

(pensou ela sem a coragem que parecia a mesma de um puxão de gatilho)
Crime Scene.



Algum destes sorrisos foi o que lhe roubou a vontade de dormir? Veja bem antes de o identificar, eles vão virar-se, primeiro para um lado e depois contra si.

Fotografia: Thierry Le Gouès

terça-feira, julho 04, 2006

Complicadíssima ditadura.

Uma espécie de talha que redobra a alma e me doura os dedos. Vale mais do que a moldura de uma mãe argentina. Recolher obrigatório de todo o choro e vadiagem.

segunda-feira, julho 03, 2006

- Tenho medo.



- De quê?

- De ti.

- Se fosse a ti, também tinha.

Fotografia: Miles Aldrige