terça-feira, junho 29, 2004

Amor de Férias.


Vou de férias para longe, pelo céu, a mil quilómetros por hora. Vou aproveitar para descansar, ler as Cidades Invisíveis e fotografar o estrangeiro.

Este Amor terá que suportar duas semanas de silêncio.

sexta-feira, junho 25, 2004

Amor redondo.


A paixão leva-me a comemorar a noite. Fico assim mais vazio, ou menos cheio, do que me adormece.

Foram, são e serão tantas as respostas aos cépticos do futebol que nem sei por onde começar com eles, abraçados.

quarta-feira, junho 23, 2004

Atrás do Amor.


Preferia ser pequeno para que o coração andasse mais perto da terra. Para ver melhor os bichos que agora me fazem contas à vida. Para tropeçar na distracção do que alguém perdeu.

Amor Poente.


Aconselhaste-me o Disponível para Amar. Não percebi logo onde estava. Vou agora percebendo porquê. Uma falta. Um comportamento. Duas vidas a pouco mais do que zero.

Já a história é digna demais para se contar. Os jardins fecharam, as obras acabaram e o sonho disseminou-se pelo habitual.

terça-feira, junho 22, 2004

Amor domado nas tuas mãos.


Ter-te amado foi tão simples que ainda não acordei. Como prometi, numa vida havemos de nos encontrar. A seguir ou a seguir, não importa. O que sei basta-me.

O que não sei é como foi possível.

O que sei beija-me todas as noites, a aconchegar os teus segredos.

Restos de Amor.


As tuas manhãs de Domingo, lânguidas e frescas. O odor do meio-dia no ramo de cheiros que preparas. O Sol na tábua e na faca a descansar. O teu sorriso a provar que Deus está nos pormenores que me congratulam. Azeite, alho, cravinho e nós abraçados.

De ti, queria tudo para lá do descaramento do travesseiro.

sexta-feira, junho 18, 2004

Sou eu, Amor.




Empurro por fora a mesma porta que tentas manter fechada sem convicção por dentro.

quinta-feira, junho 17, 2004

Amor, 2 a 3 vezes ao dia, depois das refeições ou não.


Koop – Waltz for Koop - e nada mais. O jazz traz-me de volta à boa disposição.

quarta-feira, junho 16, 2004

Amor tal como o sabíamos.


Nada é mais triste do que a alegria da lucidez. Refiro-me à da falta de paixão. Aquela que nos acompanha pela maior parte dos dias que nos completam. A que nos faz sorrir de pena pelo próximo, de escárnio infantil pelo senhor da fruta ou do quiosque que vende o que julgamos não estar ao seu alcance.

A falta que me faz o ridículo das cartas. Este vazio leva-me a ler as análises económicas dos jornais, a preocupar-me com mais um risco na porta do carro e a telefonar por amizade.

Falta-me a falta arrebatada que me fazias.

terça-feira, junho 15, 2004

É desta(e) Amor.


Este amor é diferente. Não é desses que causa coisas más nas pessoas. Este é mais forte e liberto, mais puro e iniciático. É fruto da maturidade adquirida nos cacos dos passados. É quase perfeito para a minha perfeição. É definitivo como os dentes de leão.

É por seres tu. Por teres vivido doutras amarguras e por aqui teres chegado em perfeito estado de conversação.

sexta-feira, junho 11, 2004

Draga Amor.




Gostava de tomar banho no cais e de jogar à bola com os sapatos proibidos. Das broas que a mãe fazia no Natal e de ver a minha irmã zangada por não se conseguir pentear. Ainda gosto de barcos e de ver os capachos que o meu pai faz ao fim da tarde.

E gosto de ti. Tanto, que quis esse filho antes de ir. Não digas a ninguém. Poderei não voltar. Prometo-te escrever todos os dias.

Talvez daqui a uns anos ainda venhamos a rir por estas lágrimas. Também vou ter um fato branco. Não como o que vestes, que é de casamento, mas de grumete.

terça-feira, junho 08, 2004

Amor Classificado.


As crianças a brincar ali em baixo não são inocentes. Servem, tal como os filhos, para que nunca nos esqueçamos de não evoluir. Vigilantes encapuçados de doçura ao serviço do sonho que já todos tivemos.

Universos mais simples existem. E estão por todos os lados, fechados pela cegueira civilizacional.

A vida e a morte de mãos dadas, únicas adquiridas que tentamos empurrar para debaixo da cama.

É assustador, mas é assim.

Mais na infância do que na pobreza.

Órbita de Amor.


- Então, não vais ver o trânsito de Vénus?

- Não. Essas coisas não me interessam. Além disso, todos os anos arranjam qualquer fenómeno astral que só se repete daqui a 300 anos. Vou esperar pelo do ano que vem. Para mais, eu próprio ando num planeta por vezes estranho. Só meu e teu.

- Isso. Sem gravidade.

Som de Amor descalço pelo chão.


Lembro-me de ser mais novo, mais pequeno, mais leve e mais certo. Nada disso me interessa agora. A única coisa que me importa é ver a tua roupa espalhada ali pela cómoda.

- Vou à casa de banho, estou com sede.

- Cuidado, não tropeces para aí. Calça-te que o chão está frio.

- Ainda bem. Preciso de algo que me traga à realidade por um bocadinho. Qualquer coisa que a tua boca escangalhe assim que vier.

segunda-feira, junho 07, 2004

Action – Amor – Cut.


Nenhuma das dores que me esperam será tão forte. Nenhum dos sorrisos tão irrigado. Nenhuma das lágrimas tão impregnada. Nenhum dos beijos será só assim como estes que nunca me valem.

A minha ficha técnica está a passar-me à frente.

O teu nome em primeiro.

Baseado numa história verídica.

A partir daqui, a minha vida será algumas cenas excluídas e outros extras. Legendas em minúsculas línguas que não são a minha.

quinta-feira, junho 03, 2004

Amor Curioso.




Ao menos que te guarde o gato. Que seja ele a tocar-te as pernas enquanto desfazes a alface ao fim do dia.

A minha vontade de ir ter com o teu calor a meio de todas as noites é ele que a concretiza. De manhã, sai pela janela sem nunca me vir contar como és quando estás a sonhar.

A nossa vida afiada no sofá. Sete para ele, esta para nós.

quarta-feira, junho 02, 2004

Primeira Categoria de Amor.


Sei que, chegado aqui, para baixo é o caminho.

Acho que vou aproveitar o balanço das recordações para sentir o vento na cara. A ver se não me espalho. Bem bastou ter que apanhar-me na tua falta.

terça-feira, junho 01, 2004

Amor intricado.




A tua falta não é o pior. Pior é a falta que me fizeste. Os beijos que me evitaram mesmo sem ter para onde fugir.

Só cá dentro é que nos juntámos e é cá dentro que importa. Onde se guardam as migalhas do juízo.

Um lambaz já cansado diz-me “embora, que já fechámos e isto aqui não é lugar para dormir. Toca a andar que hoje já estás como hás de ir”.

Como hei de ir?

Como?

Assim? De mão vã? Qual é o problema?

Olha agora! Era só o que me faltou.