sexta-feira, setembro 29, 2006

Dor.



Junto uma dor às que tenho. Todos os dias há uma que se levanta e que vai comigo para todo o lado. Já me habituei a quase todas. Mas de vez em quando aparece uma nova. Parece uma velha curiosa a entrar numa igreja onde não é costume. Mesmo caladinha dá-se logo por ela.

Há dias em que a voluntária anda sossegada ou distraída como se andasse a ver montras.

Há outros em que chega uma das novas, às vezes depois do jantar, quando a cozinha já está quase varrida. Faz-me desarrumar tudo, pede coisas que já estão frias e ainda é capaz de se pôr a falar alto.

A de hoje foste tu que lhe disseste para vir. Ela não confessou mas eu sei que foste tu que deste com essa língua de seda nos dentes.

Fotografia: Thierry Le Gouès
Percebemos que o mundo é injusto quando:

Um amigo descobre uma música genial, que nos ajudou na adolescência, numa banda sonora de um filme da moda.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Missão.

Paro e espero que esta espécie de morte, tal é a paz que aqui está, te deixe brincar com o meu suor. Gosto muito desta posição mesmo sabendo que é a que toda a gente imagina ser a dos pais quando estes - como dizê-lo? – fodem?

Mas o mais importante é o teu jogo post mortem, esperas que o meu suor escorra, manso, pela ponta do nariz e do queixo e tentas, não percebi bem ainda, apanhá-lo ou desviar-te. Só sei que ficas quieta, que sorris e que alguma coisa te encanta cada vez que cai uma gota.

Além do mais, nesta posição, entrelaças as pernas nas minhas e fazes força, como um filho às cavalitas numa feira.
Juan Rulfo.



Jorge Luis Borges admira-o profundamente. O pai de Gabriel Garcia Marquez disse-lhe para ler a obra deste mexicano se queria saber o que era o Realismo Fantástico.

É considerado um dos maiores nomes da história da literatura mundial.

A sua obra contém toda a violência dos dias e das vidas normais e eu gosto muito disso.

“San Juan Luvina. Aquele nome soava-me a nome de céu. Mas aquilo é o purgatório. Um lugar moribundo onde até os cães morreram e já não há nem quem ladre ao silêncio; pois assim que uma pessoa se acostuma ao vendaval que ali sopra, não se ouve se não o silêncio que há em todas as solidões.”

sexta-feira, setembro 15, 2006

Uma semana sem escrever e agora isto.



Roubaram-me o tempo. Parece uma mordaça. As mordaças às vezes dão para brincar.

Wolf Like Me - TV on the Radio

sexta-feira, setembro 08, 2006

Coisas que melhoram algumas vidas. ©

Mas como ao contrário dos bichos sabemos que temos de morrer, preparemo-nos para esse momento gozando a vida que nos é dada pelo acaso e por acaso.

Em A ilha do dia antes - Umberto Eco

quarta-feira, setembro 06, 2006

Tenho medo.

Que a sofreguidão me faça tropeçar com todas estas vontades nos braços. Não tenho idade, mas tenho medo à mesma.

Hei de começar a mirrar e quero ver onde tudo o que sinto vai caber.
Este blog é bem piroso e lamechas,



como o Amor deve ser. Verdadeiro.

Re-tratamento – Da Weasel

segunda-feira, setembro 04, 2006

Mãe, mãe, o meu amor nasceu.

À sombra. Com o peso que ninguém conseguirá tirar-me. Meu deus, mãe, como estou contente e pronta a levar por diante alguns dos teus conselhos. Arde-me o corpo, isso tu nunca disseste. Mas não te levo a mal, soubesse que era assim e muito antes o tinha cavado bem fundo onde fosse preciso. Mãe, conta-me, a roupa também te queimava?

Mãe, vou beijá-lo como sei. De certeza que vai perceber o meu gosto, mesmo que seja desajeitado. Estou tão feliz que já lhe perdoei metade da vida que me der.
Isto não é um post.



Brad Mehldau - Live in Tokyo. A música nº 6, cover de Paranoid Android dos Radiohead, com 19 minutos e meio. Ponto.