terça-feira, maio 30, 2006

Obra prima.



All is full of Love - Bjork

segunda-feira, maio 29, 2006

Next.



Sabias que durante a noite e a ruína nem juízo tinha para ouvir as tuas perguntas?

Parecias a dona de um cão com saudades em demasia. Estava feliz mas a tentar perceber se me estavas a fazer festas ou a bater.

Uma vez torturado, torturado para sempre. Só me falta uma tatuagem no braço, daquelas com um número que me envergonhasse todos os dias à hora do banho.

Fotografia: Thierry Le Gouès
Entre vista.

Quando perguntaram ao actor Michael Caine porque aceitava fazer tantos filmes, de vários tipos e aparentemente sem critério de escolha este respondeu: tenho de aproveitar tudo antes que descubram que sou mau actor.

Cada vez que um grande blog faz referência ao Estranho Amor ou o coloca na sua lista de favoritos lembro-me desta resposta. Desta vez enganei o Berra Boi.

quinta-feira, maio 25, 2006

Video kill the Love star.



This is Love - PJ Harvey
Nothing last forever.



O desejo com temperatura de música africana adormece-lhe aos pés.

quarta-feira, maio 24, 2006

Devastação.



Comecei a ler História Natural da Destruição de W. G. Sebald, e no mesmo dia à noite o meu computador avariou. Perdi toda a informação que estava no disco rígido de forma inesperada e impiedosa. Nem os textos e imagens deste blog foram poupados.

Várias calamidades num só dia. Mas as do livro reduziram as outras a um misto de agradecimento e conformação.

Fotografia: Thierry Le Gouès

segunda-feira, maio 22, 2006

Folheada a cerejeira.



Mantém os lábios húmidos com a língua. Sabes que pelo andar da conversa é conveniente que assim fiquem. Daqui a pouco essa razão chega-te à boca.
Já eu preocupo-me com a nossa cama. Restam-me poucos anos e só penso em quem a aproveitará para a lareira.

As ralações têm a mesma diferença das idades. Pensas nesta noite como eu me espanto com o que estás aqui a fazer.

Fotografia: Thierry Le Gouès

sexta-feira, maio 19, 2006

Evidência.



- Podias ser um querido e ir buscar um copo de água à tua menina.

- Amas-me?

- Tanto.

- Como?

- Quando não estás fico assim com uma espécie de sede.

Fotografia: Thierry Le Gouès

quinta-feira, maio 18, 2006

THE END.

É coisa que não aparece na vida real. Ou pelo menos nunca sabemos se o monstro ainda se vai levantar quando voltarmos as costas.
Yes, I Can Can.



Ouvi dizer que as histórias de Amor não devem ser contadas com pessoas feias. Lost in Translation sem a Scarlett Johansson não seria a mesma coisa? Se Nickole Kidman e Ewan McGregor não actuassem no Moulin Rouge a magia seria menos fugaz?

Não sei.

Nos filmes, os heróis, tal como os amantes, parecem sempre demasiado bonitos.

quarta-feira, maio 17, 2006

Escrito no coração:



Proibido vazar sentimentos.

Fotografia: Thierry Le Gouès

terça-feira, maio 16, 2006

Culpa.



Depois da onda de suicídios que os desgostos do jovem Werther provocaram por toda a Europa, resta-me apenas lembrar que nenhuma mulher deve, em caso algum, limpar o pó a uma arma de fogo.

Não é importante o nome da personagem que mudou tanto o mundo real, mas, pelo sim, pelo não, chamava-se Carlota.

Fotografia: Man Ray

segunda-feira, maio 15, 2006

Ingratidão.



Ou as mulheres não são muito românticas, ou a actual tradução para português de Werther de Goethe, livro referência de todas as histórias de Amor e, quanto a mim, melhor que Romeu e Julieta, é uma porcaria desmesurada. Também se pode dar o caso de as mulheres, pura e simplesmente, serem ingratas. Claro está que nenhum destes dois enviesados comportamentos é grave ou sequer merecedor de observação.

À falta de uma boa conversa ou promessa interessante, aos homens basta-lhes o sexo. E é esta, e não outra, a grande vantagem destes.

Fotografia: Philippe Halsman

quinta-feira, maio 11, 2006

Africa Korps.



Fazia pontaria às dunas por brincadeira sem saber se aquilo era mesmo dele ou do calor. Se calhar quando fosse altura de disparar a sério desataria a tremer, os nervos, a malvada areia e mais os cabrões que o mandaram para aquele desterro. Aqueles três já não se podiam aturar e o careca andava sempre lá fora, qualquer dia ainda ficava a estrelar no próprio sangue, deserto. Há 4 dias à espera que venham os bifes, aquele tempo todo para perceber porque o mandaram para ali e nada, nem uma sombra. Aquele forno parecia um do inferno sempre que chegava o meio-dia.

E o careca lá fora a tentar fritar um ovo na caixa das ferramentas, isto só visto. Não imaginas o que nos passa pela cabeça. Não me posso encostar a nada que está tudo a escaldar, estou desconfiado que se me rebentarem o carro e ficar fechado cá dentro nem noto a diferença.

E tu? Tens ido ao jardim sozinha? Foste a Berlim tratar dos papéis do teu pai, eram para quê mesmo? Já dançaste com outro desde que me vim embora?

Promete-me que tens o mesmo cuidado com as saudades que eu tenho com as balas.
Fotografia: Thierry Le Gouès

terça-feira, maio 09, 2006

Descolonização.



- Sabe aquelas nódoas que ficam nos panos, e que, por mais que os lavemos, ficam sempre lá?

- Sei.

- O que acabei de lhe contar é uma dessas na minha vida.

Fotografia: Thierry Le Gouès
Não sei / não respondo.



Metade do que desejo serviria para me condenar há muitos anos atrás. A mim e a ti, que uma coisa destas é tudo menos obra deste mundo.

Nunca pensei que fosses tu a mandar-me para a fogueira.

Fotografia: Thierry Le Gouès

sexta-feira, maio 05, 2006

Luto.



Podia ter areia na boca, mangas molhadas, e dedos pegajosos, uma camisola encardida ou qualquer outra coisa que corroborasse esta falta de juízo, amiga de infância.

Não há um parente que diga dá um beijinho a esta senhora? Um que te obrigue a ferver numas poucas de lágrimas e que me salve desta viuvez?

Fotografia: Thierry Le Gouès

quinta-feira, maio 04, 2006

Contracção.



Preposição é uma palavra inflexiva que liga partes da oração, exprimindo as relações que elas têm entre si.

Proposição é uma palavra que está relacionada com o acto ou efeito de propor. Significa proposta ou oferecimento. Também é a parte do poema em que se indica o assunto de que se vai tratar.

A língua, a confusão, as leituras diversas. No fim, era o verbo.

Fotografia: Thierry Le Gouès

terça-feira, maio 02, 2006

Envelhecer.



Fiz anos neste fim-de-semana grande. Sem ter muito jeito com tesouras ou navalhas, recebi de presente esta cadeira de barbeiro. Sei que cumpriu bem a sua função durante décadas na Barbearia Raposo da Rua dos Correeiros. Esta e mais três foram as últimas a sair e a apagar a luz do nº 42.

Olho para ela e tento adivinhar que tipo de vidas passaram por ali para ficar mais bonitas. Escritores, marujos, velhos peneirentos, miudos mal ou bem criados, galãs de Domingo, comerciantes com peso a mais e uma ou outra sobrinha de um empregado.