Depois de rodar pelo tempo, a opinião volta-me uma e outra vez sem se perder: nascemos para amar e para mais nada. Apenas ocupamos o tempo com ninharias e ofícios.
As distracções são tantas que a maior parte das pessoas esquece isto aos oito ou menos. Parece que queremos fugir uns dos outros, dos abraços e das atenções. Alimentam-se distâncias, privacidades que se chamam solidão e preza-se o espaço individual de cada um. No fundo respeita-se a tristeza e a falta de coragem para o sorriso desconhecido.
Abraçamos pouco, beijamos pouco e choramos pouco.
Tenho um amigo que de vez em quando levanta-se, dirige-se a uma mulher bonita e diz qualquer coisa como “Obrigado por ter vindo neste comboio e pelo tempo que passei a olhar para si. É muito bonita e o meu dia começou melhor por sua causa”. Mas isto é só um amigo que eu tenho. Não conheço mais nenhum ajuizado que faça isto.
Não me admiram as casas de velhas onde os relógios e a vida pararam na viuvez.