O Carnaval também tem coisas boas.
Este da América do Sul, mais propriamente de Buenos Aires, fascina-me.
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
Tudo boas raparigas.
No mood de Hong Kong tiram-se os sapatos a quem é raptado. Descalça-se a vitima e deixa-se a prova no local onde a liberdade voou. Para além de confirmar às autoridades que foi mesmo um rapto, dificulta uma eventual tentativa de fuga, e, já agora, também serve como humilhação ao amarrado.
- Já reparaste que máfia é feminino?
- Vê lá se queres que te parta os polegares.
Fotografia: Fa yeung nin wa (In the mood for love), Wong Kar-Wai - 2000
No mood de Hong Kong tiram-se os sapatos a quem é raptado. Descalça-se a vitima e deixa-se a prova no local onde a liberdade voou. Para além de confirmar às autoridades que foi mesmo um rapto, dificulta uma eventual tentativa de fuga, e, já agora, também serve como humilhação ao amarrado.
- Já reparaste que máfia é feminino?
- Vê lá se queres que te parta os polegares.
Fotografia: Fa yeung nin wa (In the mood for love), Wong Kar-Wai - 2000
quarta-feira, fevereiro 22, 2006
terça-feira, fevereiro 21, 2006
Penalti.
Os defeitos e as marcas do uso são a melhor coisa da casa da minha mãe, que era a dos meus pais e que veio da minha avó. Conheço-os de cor e passo-lhes a mão sempre que lá vou à dobrada de Domingo. Marcas no chão com cheiro a cera ou riscos nas portas abrem-me o apetite para os mesmos talheres e as mesmas pegas.
Lembro-me dum desses almoços em que o meu tio Camilo explicou o que era um lambaz. Segundo ele, é um pano de taberneiro que serve para limpar tanto o balcão, como mesas ou facas gastas e fundos de copo. É uma espécie de costas de mão que tanto alivia os bigodes do morangueiro como manda embora um desgadelhado.
Fotografia: Henri Cartier Bresson
Os defeitos e as marcas do uso são a melhor coisa da casa da minha mãe, que era a dos meus pais e que veio da minha avó. Conheço-os de cor e passo-lhes a mão sempre que lá vou à dobrada de Domingo. Marcas no chão com cheiro a cera ou riscos nas portas abrem-me o apetite para os mesmos talheres e as mesmas pegas.
Lembro-me dum desses almoços em que o meu tio Camilo explicou o que era um lambaz. Segundo ele, é um pano de taberneiro que serve para limpar tanto o balcão, como mesas ou facas gastas e fundos de copo. É uma espécie de costas de mão que tanto alivia os bigodes do morangueiro como manda embora um desgadelhado.
Fotografia: Henri Cartier Bresson
segunda-feira, fevereiro 20, 2006
domingo, fevereiro 19, 2006
Frida.
Tenho um problema: gosto mais das coisas profundas do que das outras. Histórias de Amor, por exemplo, prefiro as de Shakespeare ou Goethe. Se não forem as destes prefiro as reais como a de Frida Kahlo e Diego Rivera.
As coisas que merecem a pena chegam, tantas vezes, embrulhadas em lágrimas.
O objectivo deste blog não é a infinite sadness é antes o contrário, o caminho pode não ser o mais curto mas é o que me parece melhor.
Tenho um problema: gosto mais das coisas profundas do que das outras. Histórias de Amor, por exemplo, prefiro as de Shakespeare ou Goethe. Se não forem as destes prefiro as reais como a de Frida Kahlo e Diego Rivera.
As coisas que merecem a pena chegam, tantas vezes, embrulhadas em lágrimas.
O objectivo deste blog não é a infinite sadness é antes o contrário, o caminho pode não ser o mais curto mas é o que me parece melhor.
quinta-feira, fevereiro 16, 2006
As aparências e as ilusões.
Os nossos dias deviam ter legendas ou mesmo voz off como as séries fraquinhas. Palavras que dissessem coisas longe da verdade como as filhas de um mau tradutor. Ou vozes demasiado graves para serem a da nossa inconsciência. No fundo devia haver qualquer coisa que se assemelhasse a um amigo adolescente em que nada lhe cabe na boca. Daqueles que nos desmascaram todas as fraquezas a quem devem.
Fotografia: Mario Testino
Os nossos dias deviam ter legendas ou mesmo voz off como as séries fraquinhas. Palavras que dissessem coisas longe da verdade como as filhas de um mau tradutor. Ou vozes demasiado graves para serem a da nossa inconsciência. No fundo devia haver qualquer coisa que se assemelhasse a um amigo adolescente em que nada lhe cabe na boca. Daqueles que nos desmascaram todas as fraquezas a quem devem.
Fotografia: Mario Testino
quarta-feira, fevereiro 15, 2006
As almas não precisam de dietas.
Desde pequeno que me lembro de ouvir coisas acerca dos castigos fora de horas. Até a justiça reclama o seu açoite dentro de um prazo razoável. A gravidade deve punir-se a quente, antes de tudo, se for uma reprimenda de bom senso.
Mas nem tudo é assim tão urgente. Para uma alma esfomeada qualquer obrigado serve, e se for de um dia para o outro parece que ainda sabe melhor, como os pratos rechonchudos.
Fotografia: Robert Capa
Desde pequeno que me lembro de ouvir coisas acerca dos castigos fora de horas. Até a justiça reclama o seu açoite dentro de um prazo razoável. A gravidade deve punir-se a quente, antes de tudo, se for uma reprimenda de bom senso.
Mas nem tudo é assim tão urgente. Para uma alma esfomeada qualquer obrigado serve, e se for de um dia para o outro parece que ainda sabe melhor, como os pratos rechonchudos.
Fotografia: Robert Capa
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
quarta-feira, fevereiro 08, 2006
Vais para que andar?
Sei que todas as pessoas têm momentos de puro delírio como os que os espelhos de elevador testemunham. Caretas, caras de sedução e de mau, de bailarinos e de assanhado. Gritinhos e parvoíces que deslumbrariam quem visse. É aí que vemos o quanto bons actores poderíamos ser.
Irrita-me nunca ver as tuas. No fundo essa parte de genuinidade nunca me pertencerá. Nem a mim, nem a ninguém, é o que me vale.
Devia ser um Deus, mesmo amador, que conseguisse estar em todos os teus lados.
Fotografia: Henri Cartier Bresson
Sei que todas as pessoas têm momentos de puro delírio como os que os espelhos de elevador testemunham. Caretas, caras de sedução e de mau, de bailarinos e de assanhado. Gritinhos e parvoíces que deslumbrariam quem visse. É aí que vemos o quanto bons actores poderíamos ser.
Irrita-me nunca ver as tuas. No fundo essa parte de genuinidade nunca me pertencerá. Nem a mim, nem a ninguém, é o que me vale.
Devia ser um Deus, mesmo amador, que conseguisse estar em todos os teus lados.
Fotografia: Henri Cartier Bresson
quinta-feira, fevereiro 02, 2006
Dias Coveiros.
Doem-me as mãos, mas não posso largar assim o coração a escaldar. Já percebi que esta despedida é muito maior do que pensava. Vou sentar-me, sentar talvez não seja boa ideia, vou ficar aqui encostado à porta da cozinha.
Agora pára de chorar e pede-me coisas impossíveis. Convence-me que daqui a muitos anos, talvez até quando já houverem filhos de outros, nós nos revisitaremos com sorrisos de Domingo e roupas falsas.
Pede-me, por favor, para esquecer a espécie de doença que nos amputa o resto das noites. Diz-me que saia e que leve as fotografias onde estou melhor. Segundo tu, estas farão falta para quem vier perceber o quanto irás morrer pela minha lonjura.
Fotografia: Henri Cartier Bresson
Doem-me as mãos, mas não posso largar assim o coração a escaldar. Já percebi que esta despedida é muito maior do que pensava. Vou sentar-me, sentar talvez não seja boa ideia, vou ficar aqui encostado à porta da cozinha.
Agora pára de chorar e pede-me coisas impossíveis. Convence-me que daqui a muitos anos, talvez até quando já houverem filhos de outros, nós nos revisitaremos com sorrisos de Domingo e roupas falsas.
Pede-me, por favor, para esquecer a espécie de doença que nos amputa o resto das noites. Diz-me que saia e que leve as fotografias onde estou melhor. Segundo tu, estas farão falta para quem vier perceber o quanto irás morrer pela minha lonjura.
Fotografia: Henri Cartier Bresson
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