segunda-feira, janeiro 25, 2010

Até amanhã.

Podia haver um fado que tinha a mãe no hospital (mãezinha se fosse dos bons).

E se fosse o meu - que eu sei disso - e por isso posso escrever?

Ter a mãe no hospital não é como nas histórias da especialidade. Há lá uma calma e uma sapiência no ar que me escapam. Há coisas fortes que não se vêm - umas vezes porque não se mexem, outras porque andam escondidas dentro de cada um.

Disseram-me que ia ficar assim a dormir até amanhã e que a máquina – essa sim parecida com as da televisão – era só para vigilância.

Amanhã é que é. O tempo que passei deu para imaginar uma cor mais longe da terra para as paredes.

Não quero a simpatia das enfermeiras nem as toalhas lavadas com afinco. Quero as coisas do costume.