sexta-feira, outubro 28, 2005

Conservador.



Não sei o que procuro, se o champanhe, se uma das coroas da despedida. Não me lembro de ter aberto os olhos quando nasci, apenas sei que levantava muito os braços para alguém me agarrar, enquanto os médicos diziam que era um sinal de vitalidade.

Genica, abraços vazios e cegueira - tudo coisas que ainda me ocupam.

Tenho tanto amor para dar que nem sei onde o pôr, já dizia o outro.

quinta-feira, outubro 27, 2005

terça-feira, outubro 25, 2005

Bem-vinda.



De volta à tua terra e às imagens que te foram queridas. Conta-me como foi o Amor que fizeste.

O pior é imaginar o Amor que fizeste sem mim. Saber que sorriste e suaste sem precisar da minha competência.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Aumento.



Reparo que o meu corpo tem novos sinais todos os dias. Parecem recibos passados pelo tempo em que me chegaram coisas boas. No peito, muitos no peito, como marcas do que foi lá dentro.

As rugas são novas e os brilhos são poucos. Aumenta-me a calma, o peso e a saudade. Retiro tudo de tudo o que me pode fazer feliz, até de desenhos animados rudimentares. Daqueles que nos ensinam o que realmente importa na vida.

Fotografia: Getty Images

quarta-feira, outubro 19, 2005

Turvo.

Os olhos sempre foram certeiros. Mesmo no meio de palavras óbvias não mentem. Servem para ver mas principalmente para dizer coisas que a boca não conhece.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Do caso.



Transformou-se numa série, estas últimas fotografias do Estranho Amor. Elogios e pedidos levaram-me a publicar mais uma imagem da mesma série. São o registo de dois dias de trabalho, os bastidores de uma futura marca de joalharia.

É um privilégio poder escolher com quem se trabalha, apontar com o dedo a própria luz, a vida, as pessoas e as vontades.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Deserto.



Por aqui tem sido uma travessia dele. Uma semana sem colocar um texto não é bom nem conforme. Mas é o que acontece quando o coração anda menos ocupado do que o cérebro. É muita a realidade que me tem absorvido. E também esta tem trazido felicidade.

Distracções sem valor quando comparadas com uma paixão. Talvez seja esta a cura para o tamanho das dores que se sentem.

Passou-me pela cabeça suspender o Estranho Amor. Isso não vai acontecer, até porque a estranheza me permite ir amando coisas diferentes. Vamos ver.

segunda-feira, outubro 03, 2005

Explicação.



Podia tentar explicar esta fotografia. Podia dizer mil coisas, inventar ou dizer a verdade que queres ouvir. Mas acho que se ficarmos por aqui a magia é maior.

Tal como nas discussões, chegámos a um ponto em que nem vale a pena começar a falar. Ao contrário destas, não temos uma cama para resolver.

Temos a imaginação. Tal como um preso na solitária, temos a imaginação e o pânico de quando éramos crianças quase perdidas.

sábado, outubro 01, 2005

Luz.



Tudo o quero é segurar-te como se faz a um animal que procura o colo. Agigantar-me até a minha boca ser grande o suficiente para te beijar inteira e de uma só vez. Aproveitar esse trago e perder todos os sentidos. Receber no peito o coice da saudade a morrer.

Ver a noite a lamber-nos os cabelos enquanto a Lua distrai as sombras. Sentir nos dedos e na vida a luz que nunca se apagou.