quarta-feira, março 31, 2004

Passeio de Amor.




O caminho que me vai levando é o mesmo que te traz. Não é preciso saber o das pedras para me perder nas tuas palavras. O tempo, passei-o demasiado depressa. O sabor que me guia é apurado nas saudades que levitam à minha volta.

O Amor, por aqui, é sempre a subir. Lá em cima viras para a minha direita. É que já tenho este braço dormente e o teu peito não me pode faltar.

terça-feira, março 30, 2004

Amor Sensato.


Insensatez é passar ao lado do que nos faz crescer. Toca a redimir aqui

Amor Rasgado.


Alguém disse do Estranho Amor:

Primeiro estranha-se e depois estranha-se outra vez.

Este foi um dos melhores elogios recebidos até agora.

MacroAmor.


Quanto mais primitivo, mais forte é o Amor. Este, aproxima-nos de forma inequívoca das outras espécies animais. A perda de sentidos, a descoberta dos automatismos do corpo e a incapacidade de parar antes de tudo, trazem à vida o silêncio de não ser necessário mais nada.

segunda-feira, março 29, 2004

Amor à tabela.


Mentir a fingir para fugir a correr. Para a frente, nem que seja de um comboio de vontades indecisas que não te acompanham nessa passada.

Já bastam as que não conseguimos evitar, quanto mais procurar.

Apeado dessa compreensão, resta lembrar-me de ti quando estiver ligado à máquina que me levará para outra estação.

Silêncio de Amor.


Um só Amor não era suficiente, vai daí, arranjei outro. Mais calado mas mais irrequieto. Junto com o Pedro das grandes Ruminações Digitais para ir calando diariamente o que nos aprouver.

Existe o de ouro e existe este. Os outros não têm significado.

sexta-feira, março 26, 2004

Com tacto de Amor.


Finalmente o tempo parou. Esta noite, que nunca ousei sonhar, passará a ser a governanta do meu futuro. Referência para o impossível a confrontar. Os dedos e a destreza das recordações vindouras vergastam-me já de doçura.

Mas isso será daqui a muito. Quando a luz, que está a nascer longe daqui, espantar a noite que nos está a matar de opulência.

Reduto de Amor.


Por detrás das nossas paredes escondem-se fascínios de outros. O que somos é muito mais para quem nos começa a conhecer, do que para nós próprios.

quinta-feira, março 25, 2004

Amor Revisitado.

A timidez foi a minha primeira aventura. Roubei-lhe o primeiro beijo no espelho da minha adolescência. Foi ela que me ditou repetidamente as palavras que nunca fui capaz de dizer.

E agora tu.

Encontraste-a em qualquer lado e trouxeste-ma. Eu, que a julgava ida sem volta. Gasta por tantas que não souberam ler o que os meus lábios queriam dizer. Com o espírito trémulo constato, como um vilão que se julga morto no fim de um filme, que, afinal, ainda mexe.

Eu, o homem mais corajoso que já fui, apanhado por ti e por ela. (Es)pasmo de surpresa. Já sinto saudades do futuro, onde te direi o que me fazes agora. A rir com o riso que encontras-te ao lado da jovem timidez.

O Amor é um posto.

Pessoas pouco famosas aparecem nas revistas que leio. Os programas de televisão de que gosto são mal vistos pelas audiências. Alguns dos livros que quero não são editados em língua portuguesa ou então esgotaram-se. O iTunes não encontra grande parte dos discos que me fazem lembrar quem amo.

Huston, I found several solutions.

terça-feira, março 23, 2004

Amor ou Muerte.

Vou ficar por aqui a guardar o que te traz. O que é teu e muito mais meu. Vais sem partir, para onde julgas encontrar o descanso que me roubaste. Procurar uma paragem cálida pedindo antes que não seja a do meu coração. Roubas o sorriso ao Sol que só te pode fazer ainda mais perfeita. Vais espalha-lo por quem sacrificou gente por Deusas que agora te invejam.

Uma Cuba livre por favor, dessas onde o peso da distância me deixa mais pobre. Com muito gelo, que este é um Sol de demasiada dura.

domingo, março 21, 2004

Volta de Amor.

São sítios que um dia vou percorrer sem pressa. Sem mágoa. Sem me cansar. Sem saber para onde me virar. Sem escolher. Sem parar de dar contigo.

sexta-feira, março 19, 2004

Diz farsa Amor.

Com palavras que não são as que quero, digo-te ninharias que despoletam as tuas. A candura dos teus olhos desarma-me. Esvaio-me num véu de rubor, fluo leve, até aos teus passos.

Olha o Amor.

A primeira imagem nunca se esquece. A do Estranho Amor é esta. A partir de agora, os sonhos daqui vão ser a cores ou não. De olhos bem fechados, se quiserem.

quinta-feira, março 18, 2004

Reza de Amor.

Picadas de sonho esvaziam-me os importunos. Sopras para longe o que a tua falta traz. O que me basta é tão pouco que confundo cada sorriso teu com a compaixão que nunca irei merecer.

Felizmente, tudo o que me assalta não te toma.

Sem sorte ao jogo de Amor.

Junto a ti o medo de ver partir a minha sorte, num encolher de ombros sorridente. Como quem diz “olha-me este, que nem para as encomendas do seu próprio coração chega”.

quarta-feira, março 17, 2004

Foi um Amor que lhe deu.

A vida resume-se a uma transposição de convenções.

A nudez não passa de uma mostra de todas as inseguranças. A intimidade não é uma troca, é antes o que mais nos aproxima do grande. É o abandono momentâneo de nós mesmos onde passamos a ser a profundeza de tudo. Vamos debicar onde guardamos coisas como a resistência infinita de ver morrer um dos nossos.

terça-feira, março 16, 2004

Amor de lavado.

Dormi na mesma cama entre os dois e os 27 anos. Para além de me ter visto crescer demasiado depressa, apadrinhou-me os primeiros sonhos de toda a espécie.

Devo-lhe muito do que guardo para a que me embalará.

segunda-feira, março 15, 2004

Amor com chave de ouro.

Olho-te como se fosses a casa do que não sabia que guardava. A sete chaves, um Amor sem saída para a loucura que não se importa.

A cor do teu cabelo entra pela janela, quente e abundante. Tanto assim, que muitos correm nem que seja só por um pouco de ti. Sabendo que, mesmo esse, é mais do que o bastante.

Amor mais nada.

É de levezinho que o silêncio toma conta do que lhe interessa. Para o bom ou para o melhor, este irrompe de forma tépida o que já não importa.

Uma discussão de madrugada, um diálogo que há muito pede um beijo, um olhar para o livro que nem sempre se abre no óbito do dia.

Alguém disse
“O homem leva um ano a aprender a falar e o resto da vida a aprender a calar-se”

sexta-feira, março 12, 2004

Amor proteccionista.

O filho de 3 anos de uma amiga é surpreendido a analisar uma tomada eléctrica com os dedos:

“Não mexas aí! Podes morrer.”

“Mãe, o que é morrer?”

“Morrer é tudo preto.”

Ou como diz Umberto Eco:
“Normalmente, as explicações mais simples são aquelas que mais se aproximam da verdade.”

quinta-feira, março 11, 2004

Por Amor sabe-se lá de quê.

É em alturas como as do atentado de Madrid que relembro o nosso Fernando Pessoa “O homem é uma espécie doente”.

Pergunto-me por que é que o desejo de morte não morde antes a mão de quem o alimenta.

Amor diferido.

Vazio, como um dia de idade demasiado avançada, é o que ganhamos em não nos vencermos. Simples é adiar o que sabes infalível.

Difícil é sustermo-nos pelas mãos a que já nem reconhecemos pertencer. Como se segurassem a vida num esforço de alma já enodoada e dorida.

Quero-te como se esta vontade fosse um instinto. É de muitas nascenças que a minha boca te conhece.

quarta-feira, março 10, 2004

Amor resignado.

Tento muitas vezes apaixonar-me como dantes. Acabo sempre a rir de mim próprio, como se pudesse ver de fora o que nunca ninguém sentiu por dentro.

Parecem-me todas vazadas da graça mínima admissível. Como se de repente o mundo acordasse de um sonho começado antes de nós. E eu desperto para esta realidade demasiada. A sorte da tua entrega confunde-se com o azar do nunca te dever ter conhecido.

Resta-me sorrir para o tempo que sobra. Do bom e do teu. Como se a tontaria me tivesse tomado de um trago.

Abençoados sejam aqueles que pensam amar muito, sem nunca o terem sentido de verdade.

terça-feira, março 09, 2004

Amor de pai, Guiné 1968/1970.

A família é o mais importante. É o último e o primeiro cais. É para onde se deve ir quando não estamos cá nem lá.

Com o tempo aprendemos a recuperá-la. Pelo sangue e pela carne das refeições de criança em casa de quem já foi. Ficaram os restos e melhoraram, crivados pelo coração e pela luz do Sol que vemos a mais.

Beijo a minha mãe e o meu irmão mais novo todas as semanas, pelo menos uma vez. O meu pai não o beijo desde 1995 mas vejo-o muitas vezes, de olhos abertos ou dormentes pelo silêncio da ausência.

Às vezes encontramo-nos noite adentro todos juntos em casa da minha Avó Maria, que não beijo desde 1998, e do meu Avô Pedro, que não beijo desde de 1981. Ao almoço, o galo de cabidela serve a minha Primavera em travessas de Domingos solarengos de sorrisos, alegrias e histórias doutras meninices.

domingo, março 07, 2004

Amor flamante.

Já é tarde para salvar mais do que o corpo. Não sei onde acaba o meu e onde começa o nosso toque a rebate.

Quebro, neste caso incontrolável de incêndio, tudo o que julgava extinto. Procuro obsessivamente algo que não te faça parar de avançar.

Bons ventos te tragam.

Vejo agora que é no paraíso que as maiores labaredas se alimentam.

Amor descafeinado.

Restam as borras do que sonhámos no fundo da alma. Receptáculos do aroma, do sonho e de tudo de bom já despendido, apenas eu e elas num consumo sem estabelecimento.

Aos Sábados arrumo a casa, sempre por arrumar. A que não quiseste comprar, na morada da companhia da solidão.

Nisto, fecho um livro de ontem aberto numa página manchada. Não sei se de água, se de lágrimas ou só de amor.

sexta-feira, março 05, 2004

De manhã começa a ser tarde.


O meu coração é o cadinho por onde escorres as lágrimas de sal dourado.

Durmo contigo para poder ficar vulnerável. A beber o silêncio dos sorrisos fatigados e entorpecidos. Do depois e do acalmar. Como a presa na boca da loba. Como a paz do fim. Como quem finge ou como quem foge.

quinta-feira, março 04, 2004

Indisponível para o Amor (estranho).


Vários acidentes em simultâneo, como por exemplo o envelhecer dia-a-dia, deixam-me às vezes sem o vagar que o Estranhoamor pede.

O mau tempo perdido ontem pela madrugada adentro teve o alto patrocínio do w32.blaster.worm e da Symantec. Aos dois o meu muito obrigado. Aproveito também para agradecer à minha mãe e para dizer que não existem armas de destruição massiva no Iraque.

quarta-feira, março 03, 2004

Amor - Latitude: 17° 14' N - Longitude: 21° 33' L.


Perguntam-me se desisti. Respondo que não e que não é meu costume levar por diante a renuncia. Perguntam-me “Então?”

E então, o que tiver que ser, sarará.
O que é teu, a mim sobejará.
O que é nosso, ninguém dirá.
E então, o que é meu, se renderá.

A tua respiração aquece já a metamorfose húmida e febril do enlace que se adivinha.

A única coisa que me abstém é a espera pelo melhor, como quem retém um último gole para se salvar no deserto.

Das fraquezas reza a história.

terça-feira, março 02, 2004

Pequena hora de Amor.


Leves provocações polvilham o nosso dia. Este feito é primoroso no teu sorriso e atroz na partida que não deveria ser pregada à que nos espera. Uma reciprocidade de palavras imprecisas, com e sem o nosso nexo, vai mal disfarçando o compromisso com o sonho ainda por acordar.

Chega-me aí essa palavra que é tão parecida com amo-te, se fazes favor.

segunda-feira, março 01, 2004

Encontro.


Passo pelo Ryuichi Sakamoto no moto.tronic e concluo mais uma vez, que sou eu que tenho o maior amor que algum dia poderás encontrar.